A psicanálise como primordial na defesa da subjetividade humana
“Não desconheço, escreveu Freud em uma carta a seu discípulo, que o caminho que parte da letra A e passa por todo o alfabeto é muito longo, e que percorrê-lo significaria para você uma enorme carga de trabalho. Assim, não o faça, a menos que se sinta internamente levado a isso. Apenas sob o efeito desse impulso, mas certamente não a partir de uma incitação externa!”
Ao recomendar que não se faça algo caso não se sinta inteiramente levado a isto, Freud está falando da pulsão, da implicação que esta tem no desejo do sujeito.
E o sofrimento em boa parte não se encontra justamente ali onde o sujeito se direciona e onde dele é exigido, bem como onde o seu desejo não está implicado ou onde ás vezes encontra-se implicado de modo subvertido, alienado?
Ao evidenciar como a vida do humano é regida pelo modo como ele lida com o seu desejo, Freud rompe com as unicidades, com as generalizações, com a universalidade e com as ideias de aplicações de conhecimento coletivas para tratar da singularidade, do que é verdadeiramente subjetivo e único.
Se a ciência derrubou enormes estruturas da crença ao apresentar-se como um meio a ser recorrido sem verdades imaginativas, nos momentos em que anteriormente deus era reverenciado, pode-se dizer que a psicanálise vem para subverter ambas e dimensionar um espaço que seja propriamente singular.
A psicanálise subverte a crença ao proporcionar ao sujeito um trato com sua subjetividade que não esteja fora dele, que não exija dele a culpa e o ilusório como referência para a vida e como promessa de cessação da angústia.
Subverte a ciência ao resgatar as subjetividades do lugar descartável em que esta a deixou, dando voz aos sujeitos, deslocando-os da idealização da felicidade para o enfrentamento da dor, do real.
Rompe então tanto com a concepção do homem-máquina e racional quanto com a concepção da culpa e da resposta exterior, e tudo isto é possível graças ao estudo