A psicanalise dos contos de fadas

A PSICANÁLISE
DOS CONTOS DE
FADAS –
CACHINHOS DE
OURO E OS TRÊS
URSOS

Docente: Professora Esmeralda Macedo
Discente: Sara Raquel Pereira
Clínica e Psicoterapia Psicodinâmica na
Infância e Adolescência
Coimbra, junho de 2015

“Cachinhos de Ouro e os três Ursos”

Esta estória é bastante significativa uma vez que lida simbolicamente com alguns dos problemas mais importantes do desenvolvimento da criança, como a luta com os predicamentos edípicos, a procura de identidade e a rivalidade fraterna.
Com a designação explícita dos ursos constituírem uma família, a estória inconscientemente aproxima-se mais da situação edípica. A popularidade da estória é devido ao facto da incerteza do final, que fica a cargo da nossa imaginação. Sendo essa incerteza aceitável porque a invasora interfere na integração da constelação familiar básica, ameaçando a segurança emocional da família.
O contraste em “Cachinhos de Ouro” situa-se na diferença entre a família bem integrada representada pelos ursos e o estrangeiro que procura por si mesmo. Os ursos felizes e ingénuos, não tem problemas de identidade, cada um sabe exatamente a sua posição em relação aos outros membros da família, facto evidenciado nos nomes: Pai, Mãe e Urso Bebé. Apesar de cada um ter a sua individualidade, funcionam como um conjunto de três, ao contrário de Cachinhos de
Ouro que tenta descobrir quem é e qual o seu papel adequado, enfrentado, ao mesmo tempo, todos os aspetos da situação edípica.
Esta situação edípica que Cachinhos de Ouro está a enfrentar é simbolizado pelo papel significativo que o número três desempenha na estória. Os três ursos constituem uma família feliz, onde as coisas andam em uníssono, e por isso, não existem problemas, nem sexuais, nem edípicos. Pelo contrário, Cachinhos de Ouro está totalmente confusa, sem saber qual dos três papéis servira para ela. Espiar pela janela e pelo buraco da fechadura antes de levantar o trinco, sugere ansiedade e uma curiosidade sobre o que se passa atrás da porta