a poética de aristoteles
MUNDO CEGO ( Verônica Miyake )
O tempo arrasta o mundo ,
Qual um trem desgovernado
Vai sem rumo, moribundo,
Leva o homem flagelado
Pro buraco que é sem fundo.
Já não pensa toda a gente
Que só de futilidades
Vem alimentando a mente:
Não enxergam mais as grades
Por viver tão livremente.
São sutis, subliminares,
As mensagens das novelas
E as músicas populares,
Que nem são assim tão belas
Mas enganam, sim, milhares.
É materialista a era,
Este tempo que é moderno,
Onde muito se venera
O que pinta bem o inferno...
E onde Deus é só quimera.
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AS ESTÁTUAS ( Arthur Azevedo )
No dia em que na terra te sumiram, eu fui ver-te defunta sobre a eça, fechados para sempre - ó sorte avessa! -aqueles olhos que me seduziram... À luz do sol, uma janela abriram, e o jardim avistei onde, ó condessa, uma noite perdemos a cabeça, e as estátuas de mármore sorriram... Saíste por aquela mesma porta onde outrora os teus beijos me esperaram, cheios do amor que ainda me conforta. Quando o jardim saudoso atravessaram seis homens com o esquife em que ias morta, as estátuas de mármore choraram!
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A MINHA IRMÃ ( Vicente de Carvalho ) Entregaram-te enfim à paz do cemitério, deixaram-te na cova o corpo delicado, e a funda escuridão enorme do Mistério para sempre engoliu-te, ó lírio desfolhado!
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A POESIA DE LUIZ DE CAMÕES
Amor é um fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer; é um não querer mais que bem querer!
É solitário andar por entre a gente; é um não contentar-se de contente; é cuidar que se ganha em se perder. um estar-se preso por vontade; é servir a quem vence o vencedor; é um ter, com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode o seu favor nos