A política e o político

Ao longo deste ensaio, abordaremos os autores discutidos em sala e suas principais teorias e citações.
Comecemos com Chantal Mouffe, que em seu texto “A política e o político”, de 2007, faz uma reflexão sobre estes dois “organismos”. É necessário, antes, definir claramente a diferença entre ambos. Para Mouffe, “o político” é a dimensão organizada das sociedades humanas, enquanto que “a política” é o conjunto de práticas e instituições através das quais se cria uma determinada ordem.
É preciso entender a diferença destes dois conceitos para conseguirmos explicar o quanto o político, com seus sintomas, traumas, ego e super ego interfere na prática (e arte) de constituir a política. Para ilustrar essa “interferência”, o sociólogo Slavoj Zizek utiliza o conceito do gozo de Lacan para explicar um exemplo de modelo político: o nacionalismo. O nacionalismo não deixa de ser a consequência da estrutura psíquica do indivíduo na concepção de uma nova ordem política.
“O nacionalismo apresenta um terreno privilegiado para a erupção do gozo no campo social. A causa nacional finalmente não é outra coisa que a maneira na qual os sujeitos de uma comunidade étnica organizam seu gozo. (...) o ódio nacionalista surge quando outra nação é percebida para uma ameaça para nosso gozo”. Entende-se então, que a política não deixa de ser uma forma de alcançar o jouissance. Os desejos mais íntimos do indivíduo podem ser o combustível para a criação (ou idolatria) de uma nova ordem, de uma nova forma de se governar. Até o momento, levantamos o conceito de política, conjunto de práticas na qual se cria uma determinada ordem, e o político, indivíduo que institui essa política, essa nova ordem. Mas qual o papel do analista dentro da política? Para Marie-Helène Brousse, em o texto “O analista e o político: alcançar em seu horizonte a subjetividade de sua época”, durante muito tempo o psicanalista ficou em silêncio, não se posicionou mediante os acontecimentos políticos, mas a partir do