A Política da Pixação
Esses dias, enquanto eu estava no ônibus a caminho da faculdade, passei por baixo de uma das pontes da avenida Nove de Julho. Quem já andou por aqueles lados – ou seja, quase todo paulista que, de alguma forma, tem sua vida atrelada à capital – sabe que as paredes que margeiam essa avenida de São Paulo são cobertas com arte de rua, um trabalho mais lindo que o outro.
E passando por essa avenida, o trânsito das cinco da tarde me deixou ver escrito no muro uma frase deveras impactante: “VAI ter copa. NÃO vai é ter água”.
O preto da tinta sobre o bege do muro deixou a frase muito chamativa; não é à toa que, quando eu passei por lá no dia seguinte, a frase tinha sido apagada. Mas eu vi. E como eu, milhares de pessoas ali também viram, o que me deixou pensando algumas coisas.
Por exemplo, o ser humano já nasce se rebelando. Nós temos a revolução no sangue, independentemente da ideologia política que venhamos a desenvolver. Nosso primeiro ato nesse mundo é um grito de revolta e os que não nascem gritando logo passam por uma série de testes e exames até gritar. Não importa se seu corpo luta ou não, você grita.
Às vezes, nossa revolução esfria conforme crescemos, pois o mesmo sistema que nos obrigou a se rebelar quando nascemos agora nos quer quietos, meros coniventes com um Grande Irmão. E ai de quem reclamar. Mas há aqueles entre nós que tomam gosto pelo grito e pelo que ele faz.
O ato de gritar está sempre atrelado a uma espécie de revolta ou rebelião, pois ele liberta – e a liberdade é, por si própria, uma rebelião. (sobre)Vivendo numa sociedade em que há regras e mais regras de tudo e para tudo, nos libertarmos disso é uma das maiores revoltas que podemos fazer.
E, bem, por toda São Paulo nós temos resquícios das chamadas “Jornadas de Junho” do ano passado. Aqui e acolá podemos ver pixações, cartazes, imagens espalhadas pela cidade indicando um povo que decidiu tomar as rédeas da situação.
Lembro-me bem de