A Polêmica da Memória das Lentes Modernas

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

A POLÊMICA DAS LENTES DA MEMÓRIA MODERNA: UMA FORMA DE REGISTRO OU UM MEIO DE VULGARIZAÇÃO DA FOTOGRAFIA?

Thatiane da Silva Azevedo
DRE: 112003324

Trabalho final de Mestrado em Ciências da Literatura do curso Releituras teóricas: Benjamin por Sarlo, Foucault por Agamben, Barthes por Sontang entregue à professora Beatriz Resende.

Rio de Janeiro, 28 de Fevereiro de 2013.
Faculdade de Letras Em tempos de recursos com alto recurso digital, questiona-se a função de registro que outrora dirigíamos à fotografia. Considerada, em alguns contextos, como uma geração sem memória, a população do século XXI vive um dos períodos, ora considerado como auge do registro fotográfico, ora como vulgarização do mesmo meio. Essa discussão, no entanto, levaria horas e, ainda assim, é bem capaz de não chegarmos a uma resposta que solucionaria a todas as questões levantadas. Sabemos que Joseph Niépce levou, pelo menos, oito horas para fazer sua primeira fotografia e, até hoje, a vemos como objeto de apreciação crítica e digna de longas e importantes reflexões sobre a importância do ato –mesmo que ela tenha fotografado apenas a vista da janela do quarto do artista no Le Gras. E é justamente nesse ponto que devemos nos focar. Uma foto como essa não ilustra apenas uma vista, mas um momento que ofereceu à História um futuro novo. Nesse sentido, chegamos ao ponto que ensaiamos aqui: o valor que suscita da imagem pictografada.

Esse valor era tão precioso nesses primeiros contatos com a arte fotográfica que, pelo fato de ser muito cara, era muito comum ser utilizada no último momento da vida de um indivíduo. Ela era um meio de eternização ou, até mesmo de negação do tempo. Ora, eternização porque trata-se de um objeto, é palpável e torna visível o que não poderá mais ser visto. Nega-se o tempo, já que eu posso voltar ao período que desejo toda vez que olhar a foto, aliás, contemplar a foto. Contemplar porque não