A polêmica Alencar
Éder Silveira
Doutor em História pela UFRGS silveira_eder@yahoo.com.br. Resumo: Nessa comunicação, pretendo analisar alguns aspectos da polêmica mantida entre o escritor José de Alencar (1829-1877) e Joaquim Nabuco (1849-1910) pelas páginas do jornal O Globo, disputa que se estendeu de setembro a novembro de 1875.
Além de contextualizar a discussão, pretendo destacar alguns vetores do debate que permitem relacioná-lo com a crise da poética romântica e com a expansão do cientificismo como matriz explicativa da cultura brasileira, uma vez que esse debate pode ser considerado um exemplo privilegiado do choque de duas tradições intelectuais bastante diversas.
Palavras-chave: História das idéias, romantismo, José de Alencar
[...] os velhos tiveram uma aclimatação mental que não satisfaz às necessidades do Brasil transformado e da qual não conseguem sempre libertar-se, e que seria muitas vezes melhor, sobretudo em uma época de transição, que homens novos, representando idéias novas, governassem os destinos deste país.
Joaquim Nabuco
Em outros trabalhos, mais extensos, procurei analisar algumas características que poderíamos dizer estruturais a uma forma de debate intelectual muito presente no
Brasil oitocentista, a polêmica literária, em geral mantida através de jornais e revistas
voltadas ao grande público.1 No caso de José de Alencar, tendo em vista o seu histórico nas letras nacionais, não seria nenhum exagero afirmar que a polêmica era uma de suas principais características como homem público.
No texto dessa comunicação, volto a minha atenção para uma disputa que José de Alencar (1829-1877) manteve ao final de sua vida com o então debutante nas letras brasileiras Joaquim Nabuco (1849-1910). Sua carreira literária e atuação como crítico da cultura brasileira é marcada por dois momentos distintos, por ele vividos intensamente: o apogeu e a crise da poética romântica.