A politica

867 palavras 4 páginas
CAPITULO XV
As razões pelas quais os homens, especialmente os príncipes, são louvados ou vituperados.

1.Resta ver agora como um príncipe deve conduzir-se com os súditos e os aliados. Como sei que muitos já escreveram sobre o assunto, temo que estas palavras possam parecer presunçosas por discordarem. O modo como vivemos é tão diferente daqueles como deveriamos viver, que quem despreza o que se faz e se atém ao que deveria ser feito aprenderá a maneira de se arruinar, não a defender-se. É portanto necessario que o principe que deseja se manter no poder não tenha bondade.
Seria louvável se um príncipe possuisse todas as coisas boas, mas sabemos que isso nao é possivel, devido as condições humanas de se pensar, não devera se importar com a prática escandalosa daqueles vicios sem os quais seria difícil salvar o Estado, devido a certas qualidades que podem levar a ruína, e outras que parecem vícios trazem como resultado o aumento da insegurança e do bem-estar.

CAPITULO XVII
A crueldade e a clemência. Se é preferivel ser amado ou temido

1. Todo os príncipes devem preferir ser considerados clementes e não cruéis. Evitar o mau emprego dessa clemência é algo a se considerar. César Borgia foi tido como cruel, mas sua crueldade impôs ordem á Romanha; unificou-a reduzindo-a á paz e gerando confiança. Ele tambem não deve se incomodar com a reputação de cruel se seu propósito é manter o povo unido. É muito mais seguro ser temido se for preciso optar, se o príncipe os beneficia estão inteiramente ao seu lado, pois oferecem seus próprios filhos e sangue para seu ideal. O príncipe deve fazer-se pelo menos fazer que seus súditos evitem seu ódio. Quando o príncipe está a frente do seu exército, e com um grande número de soldados sob seu comando, é necessario que aceite a fama de crueldade, sem a qual não conseguirá manter as tropas unidas e dispostas para qualquer tarefa. Portanto os homens amam de acordo com seu próprio arbítrio, mas temem segundo a vontade do príncipe;

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