A pol tica internacional de jk e suas rela es perigosas
JK e suas relações perigosas com o colonialismo português
Waldir José Rampinelli*
Resumo:
O artigo analisa o apoio político dado por Juscelino Kubitschek à manutenção do colonialismo português. O Brasil defendeu, na Quarta Comissão da ONU, a tese de que
Portugal não dispunha de colônias, mas sim de províncias ultramarinas. Diante deste quadro, o artigo aponta as razões que levaram JK a dar suporte político ao império colonial lusitano. Juscelino Kubitschek, ao longo de seu governo (1956/1961), adotou uma política internacional de apoio ao império colonial português. “Tocar em Portugal era tocar no Brasil” –, afirmava Donatello Grieco, representante brasileiro na Quarta Comissão da ONU onde se travava o debate sobre colonização. O delegado indiano – R. Jaipal –, depois de escutar a defesa do diplomata Grieco proclamando a missão civilizadora de Portugal no além-mar, disse que “nunca ouvira uma exposição mais fiel ao ponto de vista português do que aquela que acabara de fazer o representante do
Brasil”. Neste artigo, analisarei a política internacional de JK com Portugal e as razões de seu apoio ao colonialismo.
O Tratado de Amizade e Consulta
As relações de apoio do governo brasileiro ao português se materializam com a assinatura do Tratado de Amizade e Consulta, em 16 de novembro de 1953. Nele, se dá forma jurídica à comunidade luso-brasileira. Esse tratado é o resultado de todo um esforço que começa por volta de 1917, quando
Bettencourt Rodrigues – mais tarde ministro dos Negócios Estrangeiros –
*Professor do Depto. de História da Universidade Federal de Santa Catarina; pesquisador do
Neils; autor de As duas faces da moeda: as contribuições de JK e Gilberto Freyre ao colonialismo português. Florianópolis: Editora da UFSC, 2004.
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defende a criação da Confederação Luso-brasileira. A obra de Gilberto Freyre contribui para mudar o conceito do português conquistador e, por ocasião das comemorações do VIII