Texto 1 A Vida depois dos Imp rios

Capítulo Dezoito
A VIDA DEPOIS DOS IMPÉRIOS:

Descolonização e contracolonização
As colmeias de Aladim — As raízes da árvore mikongoe
— Os banquetes dos monstros — 0 monumento à nossa luta
— A sombra da figueira — 0 destino das novas Europas
— 0 reflexo europeu

AS COLMEIAS DE ALADIM
Sob o céu chuvoso de um subúrbio decadente, duas torres largas e atarracadas, de gosto mogol, cingidas por múltiplas molduras, coroam uma balaustrada no topo de uma colina. Do outro lado da rua, cruzada por um passadiço baixo de concreto, afirma de tapetes Eastern Kayam expõe seus artigos numa caverna artificial, onde estão pendurados pequenos tapetes de cores tímidas — industriais ou com aparência antiga —, mostrando os entrelaçados nós de seu tecido. Urna colunata pesada e angular e um friso em que figuram máscaras de cabeça de leão decoram a fachada da sala de exposição da empresa.
Quando o olhar se estende, e depois se detém para focalizar detalhes, as cenas circundantes cie abandono total fazem com que a gente perca a ilusão de ter entrado numa Disneylândia oriental situada em estranha paragem. Há pilhas de entulho sob carrancudos pórticos das construções vizinhas, sustentadas pelas vigas e paredc-s dos pátios. Atrás de um frontão amarelecido, uma

basílica, antigamente enorme, foi demolida, mas os escombros ainda permanecem lá. Depois de transpor algumas portas que rangem e vários sinais de perigo e cruzar um estacionamento de solo rachado, passando por um ônibus enferrujado, chega-se ao esqueleto cheio de buracos de uma capela, cujo interior é pintado com pinceladas superficiais de um verde pálido. A erosão transformou as dezenas, talvez vintenas, de cabeças de leão em máscaras de pantomima — fauces rosnantes que viraram sorrisos desdentados.
Nenhum emblema podia ser mais apropriado, pois esta é Wembley e estas construções são quase tudo que resta do recinto de noventa hectares onde se realizou a grande Exposição Imperial de 1924, 11a qual 27 milhões de visitantes celebraram o