A Pobreza no Brasil contemporaneo
A pobreza é a expressão mais visível das desigualdades em nosso cotidiano. Ao longo da história, ela recebeu diferentes explicações, muitos dos quais ainda permeiam nosso entendimento das desigualdades.
No período medieval, o pobre era uma personagem complementar ao rico. Não eram critérios econômicos ou sociais que definiam a pobreza, mas a condição de nascença, como afirmava a igreja Católica, que predominava na Europa ocidental. Havia até uma visão positiva da pobreza, pois está despertava a caridade e a compaixão. E não se tratava de uma situação fixa, pois, como havia uma moral positiva, podiam ocorrer situações compensatórias em que os ricos eram considerados “pobres em virtudes” e os pobres “ricos em espiritualidade”. De acordo com a visão cristã de mundo, os ricos tinham a obrigação moral de ajudar os pobres.
Outra explicação paralela, corrente no mesmo período, atribuía a pobreza a uma desgraça decorrente das guerras de adversidades como doenças ou deformidades físicas.
Isso tudo mudou a partir do século XVI, quando se iniciou uma nova ordem, na qual o individuo se tornou o centro das atenções. O pobre passava a encarnar uma ambiguidade: representava a pobreza de Cristo e, ao mesmo tempo. Era um perigo para sociedade. Sendo uma ameaça social, a solução era disciplina e enquadramento. O Estado “herdou” a função de cuidar dos pobres, antes atribuídas aos ricos.
Com o crescimento da produção e do comércio, principalmente da Inglaterra. Houve necessidade crescente de mão de obra, e a pobreza e a miséria passou a ser interpretadas como resultado da preguiça e da indolência dos indivíduos que não queriam trabalhar, uma vez que havia muitas oportunidades de emprego. Essa justificativa tinha por finalidade fazer com que as grandes massas se submetessem ás condições do trabalho industrial emergente.
No final do século XVIII, com o fortalecimento