a passagem do século
O que marca a passagem do século XV para o XVI é que aí se situam as origens da globalização. Não ainda a mundialização mercantil que se inicia com a Revolução Industrial, nem a globalização atual das transações financeiras. O que se globaliza na virada do século XV para o XVI é o conhecimento do outro. Pela primeira vez, todos os recantos do mundo são mutuamente revelados. Em menos de cinqüenta anos, ibéricos, orientais, africanos e os recém-"descobertos" astecas e tupis ouvem falar de terras, povos, costumes e religiões de cuja existência nunca suspeitaram.
O apogeu da expansão marítima européia é um momento de descobertas. Cartógrafos rivalizam na feitura de mapas-múndi e atlas, cada qual registrando as últimas novidades planetárias. Plantas como o cacau, a canela, a batata e a cana e animais como perus, cavalos e galinhas são transportados de um continente a outro. Europeus se deslumbram com a literatura de viagens, enquanto seus antípodas japoneses estranham os narigões dos portugueses que desembarcam com a novidade das armas de fogo.
Em busca de fortuna e aventura ou com a nobre missão de expandir o reino de Cristo, milhares de mercadores, espiões, cruzados e fidalgos trilharam o mundo em torno de 1500. Alguns decênios mais tarde, vai se revelar a face cruel do processo de conquista, catequese e colonização das novas terras. Mas, na virada para o século XVI, o que se celebra é essa aventura civilizatória única, de alcance planetário, que levou o mundo a se