A partida
O tema narrativo é simples: Daigo Kobayashi é um jovem trabalhador músico violoncelista, casado e desempregado, que retorna a sua cidade natal após a sua orquestra ter sido dissolvida. Ele consegue emprego numa pequena empresa de lavagem de defuntos que presta serviço para empresas funerárias. O novo emprego (e trabalho) de Daigo irá lhe propiciar novas percepções sobre si e sobre sua vida passada e presente, inclusive sobre seus sonhos profissionais.
É interessante observar como essa mudança na vida do protagonista engloba vários aspectos. É uma volta para a cidade natal, mas, além disso, uma volta para o passado, o relacionamento mal resolvido com o pai ressurge de forma decisiva. Essa volta também é uma representação quanto à nova função de Daigo , em um Japão cada vez mais “moderno” e ocidentalizado, ele passa a lidar com uma antiga tradição tipicamente nipônica. Também, paradoxalmente, é uma época de novidade para Daigo, de lidar com a frustração no trabalho, de se adaptar, de refletir sobre sua vida e seu passado, mas também sobre a vida e a morte.
Outro dado interessante é que, no filme, é através da esfera do trabalho que se põe com candência as questões de cunho existencial lastreadas na reflexão lírica sobre o sentido da morte (e da vida). E ao buscar resolver o problema do trabalho, o problema do desemprego - que ocorre o reencontro do personagem principal, o jovem Daigo com seu passado originário. Assim, o filme trata, o trabalho como atividade vital, portanto, se coloca como esfera sociológica fundamental que organiza o sentido da vida e da morte.
Com seu novo trabalho Daigo vê um mundo diferente do que ele conhecia, com medo e curiosidade por nunca ter visto um cadáver, sentido vergonha e incertezas sobre se aquele é mesmo o trabalho de sua vida, ele passa pelo sentimento de rejeição de si mesmo, com seu novo emprego Daigo começa a preparar os falecidos para uma partida pacifica (como é dito no filme),