A Paisagem da Periferia da Metrópole como Preservação Cultural
G uilherme Galuppo Borba 1
Introdução
A relação entre cultura e desenvolvimento humano foi impulsionada pelos debates internacionais no início da década de 19702 e, também, pela crescente atuação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco) nesse campo. Esses movimentos confirmaram a necessidade da formulação de políticas públicas em escala internacional que dessem conta da história e da vida local, considerando, portanto, outros processos de desenvolvimento que impactam as diversas realidades culturais, caso da economia, da tecnologia, da ciência. Apesar da atualidade e relevância desse tema, ainda se verifica limitada atuação dos governos latino-americanos no que concerne a medidas que elevem eficazmente a riqueza cultural dos povos, em âmbito nacional e local.
Na atualidade, as desigualdades socioespaciais e culturais encontradas em metrópoles da América Latina apontam que são necessárias a promoção da qualidade de vida e a emancipação da população. Na periferia das metrópoles, as contradições e os insucessos de toda sorte são ainda mais acentuados, o que demanda políticas públicas específicas que valorizem a cultura criada e mantida por aqueles que residem nesses locais.
1. Mestrando do programa de pós-graduação em arquitetura e urbanismo da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (fau-usp), bolsista da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
2. Ver Norman Daniel, The Cultural Barrier, Edimburgo, Edinburgh University Press, 1975;
Celso Furtado, Cultura e Desenvolvimento em Época de Crise, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1984.
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O saber tradicional, as expressões populares e as soluções criativas advindas das dificuldades encontradas geram artefatos culturais importantes, que merecem atenção na ocasião da formulação de políticas públicas culturais.