A onda
Na experiência pedagógica daquele professor tudo começou com gestos simples, o levantar e o sentar, o estar sentado direito e de pés juntos.
E o professor tinha razão, porque antes de ser uma ideologia ou uma forma de governar, o fascismo fora acima de tudo um ritual colectivo, a encenação diariamente repetida da hierarquia e da submissão, da ordem enquanto anulação do indivíduo na grande colectividade, na pátria ou na raça.
A Onda deu aos alunos o que lhes faltava, o sentido de uma comunhão colectiva, Se bem que tivesse começado a espalhar-se pela cidade, o fascismo de A Onda fora gerado dentro das paredes de uma sala de aula e mantinha na escola a sua base de sustentação. Foi a estrutura escolar que forneceu o quadro daquela experiência. O professor não inventou uma nova relação com os alunos, apenas deu outro rigor e marcou de outro modo a hierarquia subjacente à vida da escola. Normas, submissões e comportamentos que no quotidiano aparecem de maneira dissimulada passaram para o primeiro plano e preencheram toda a cena.
A Onda é um filme muito interessante para o professor trabalhar em sala de aula (ou fora dela) e propor ampla discussão sobre o Poder: Princípio, Meio (também como forma) e Fim (também como objetivo). Motivação: aristocracia, autocracia, democracia, teocracia..., e a perda da individualidade. E ainda: fanatismo, intolerância, massificação, controle, sujeição, medo, ordem, disciplina, repressão, autonomia, anarquia. Fragmentos que, de uma