A máscara da democracia
No Brasil, a partir de 1988, com o fim da ditadura militar, começou a realizar eleições para presidente, senadores, deputados e governadores de quatro em quatro anos, em anos alternados com as votações para vereadores e prefeitos.
Tal exercício de democracia tem por finalidade reciclar o poder e a cada mandato eleger melhores políticos. Mas, as eleições podem, de fato, mudar uma sociedade? Como, depois de eleito, tirar do poder as autoridades que têm sob seu domínio a manipulação das leis e com isso usam a constituição para benefício próprio? É a partir da entrada dos maus políticos que dão a eles a possibilidade de cultivarem uma esfera de influência política que os mantém no governo.
Dessa forma, a sociedade atual, mascaradamente móvel, apenas sofreria grandes mutações em um sistema anarquista, em que não há poder centralizado e, por isso, não ficará nas mãos de um indivíduo ou classe social. Este que, hoje, é um ideal utópico. Com a implantação do sistema anarquista se, de um lado, teria a dissolução dos poderes, e uma homogeneização da sociedade, por outro, poderia se perder o sentido de moral, certo e errado, uma vez que não existiria uma constituição, ou ao menos regras a serem seguidas. E com a democracia tão desenvolvida e a necessidade de um líder, o anarquismo, apesar da não existência de um poder centralizado, não livraria a sociedade de tais problemas.
A imobilidade na ascensão ao poder e a taxação de políticos corruptos fazem com que a cada dia o descaso para com a política aumente. Mas a sociedade tem o governo que merece. Ela cospe no prato em que comeu na medida em que o governo é escolhido por ela, e assim, seu reflexo. Um cidadão comum, ao não devolver o troco errado no comércio, defende que essas pequenas quantias não fariam falta. Mas, quando há desvio de verba nos caixas públicos maldizem os políticos, que não deixam de ser ladrões, mas que assim como aquele cidadão, pegou dinheiro que não lhe pertencia por direito.