A mundialização do capital - François Chesnais
Prefácio
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Chesnais, François; Tradução Silvana Finzi Foá – São Paulo: Xamã, 1996. Título original: La mondialisation du capital.
Quando se fala em mundialização do capital (ou quando se dá um contexto mais rigoroso ao termo inglês de “globalização”), está-se designando bem mais do que apenas outra etapa no processo de internacionalização, tal como o conhecemos a partir de 1950. Fala-se numa nova configuração do capitalismo mundial e nos mecanismos que comandam seu desempenho e sua regulação.
O período 1880-1913, cujas características foram iluminadas pelos grandes teóricos do imperialismo – todos os que pertenciam então à Segunda Internacional, é claro, mas também Veublen e Hobson – foi uma dessas fases longas. Outra foi a fase de crescimento dos “trinta anos gloriosos” começando da reconstrução da Segunda Guerra Mundial e terminando em 1974-1979 – a “idade de ouro”, também chamada de período “fordista”. Alguns dos elementos constitutivos dessa fase remontam aos anos 20, mas ela nasce verdadeiramente ds relações políticas (nacionais e internacionais) e das instituições (sindicatos fortes, Estado social) constituídas ao fim da Segunda Guerra Mundial.
É na produção que se cria riqueza, a partir da combinação social de formas de trabalho humano, de diferentes qualificações. Um dos fenômenos mais marcantes dos últimos 15 anos tem sido a dinâmica específica da esfera financeira e seu crescimento, em ritmos qualitativamente superiores aos índices de crescimento do investimento , ou do PIB, ou do comércio exterior. Essa “dinâmica” específica das finanças alimenta-se de dois tipos diferentes de mecanismos. Os primeiros referem-se à “inflação do valor dos ativos”, ou seja, à formação de “capital fictício”. Os outros baseiam-se em transferências efetivas de riqueza para a esfera financeira, sendo o mecanismo mais importante o serviço da dívida pública e as políticas monetárias associadas a este.
O capital monetário, obcecado pelo