A mulher e sua constru o identit ria no mundo

A mulher e sua construção identitária no mundo 1 - O olhar mítico: Para falarmos da mulher, é necessário ouvir essa voz que foi tão cerceada e silenciada por tantos séculos, como afirma Michelle Perrot: “As mulheres não estão sozinhas neste silêncio profundo. Ele envolve o continente perdido das vidas tragadas pelo esquecimento em que se aniquila a massa da humanidade” (PERROT, 2005, p.11). De tempos em tempos, surgem formas mais ousadas para retratar o real papel da mulher na sociedade. Podemos falar da existência de uma feminilidade desde as épocas mais antigas, sobretudo antes do período neolítico, ou seja, o paleolítico.
As fases, com respeito ao olhar feminino pela sociedade humana desde o período mítico até o período pós-moderno, serão abordadas a partir do distante período Paleolítico (entre 15.000 e 10.000 anos a. C.). Neste tempo, as divindades eram todas do sexo feminino, mas, com o passar das eras, exatamente com o advento do Neolítico, o culto às deusas é suprimido, dando lugar aos deuses masculinos, iniciando toda a apologética que instaura o monoteísmo, ou seja, o culto a um deus único e masculino que propicia o estabelecimento do machismo que perdurará até, aproximadamente, metade do século XX. Neste período, as primeiras grandes divindades eram femininas, tais como: Pótnia, Astarte, Ísis, Amaterazu, Nu Gua. Estas deusas antiqüíssimas representavam, naquele momento da evolução do homem, o começo e o fim de tudo.
Em Çatal Huyuk, na Turquia, ainda hoje, existe uma estatueta feminina sentada num trono e circundada por duas panteras, em cujas cabeças