A MULHER NO CONTEXTO HISTÓRICO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS
A Instituição familiar tem sido alvo dos estudos de todas as ciências sociais, suscitando polêmicas e diferentes abordagens por parte dos cientistas. Por um lado a família tem despertado o interesse por ser um espaço privilegiado para o desenvolvimento da vida emocional de seus integrantes. Por outro, tem chamado a atenção dos pesquisadores, pela gama de mudanças que vem sofrendo, apesar de manter-se inalterada sob alguns aspectos. O que estas abordagens têm apresentado em comum, é o fato de verem a família através de uma ótica científica especializada.
Para Neder (2000), quando se trata de Brasil, temos que utilizar o termo ‘famílias’ no plural, dada a diversidade étnico-cultural que embasa a composição demográfica brasileira. Isso significa que as ‘famílias-padrão’, tanto a tradicional, patriarcal, extensa, de origem ibérica, quanto a de modelo ‘higiênico’ e moralista da família burguesa de inspiração vitoriana, introduzidas no país no início do século passado, “convivem no acontecer social com outras famílias, até o presente bem pouco conhecidas, de várias origens, indígenas ou africanas (matrilineares, patrilineares, poligâmicas/islamizadas, etc.)” (Neder, 2000. p.27). A autora, apresenta argumentos através dos quais defende que histórica e antropológicamente falando não existe uma família regular e que o padrão europeu de família patriarcal, do qual deriva a família nuclear burguesa, não é tampouco, a única possibilidade histórica de organização familiar a orientar a vida cotidiana no caminho do progresso e da modernidade.
Como exemplo de divergências históricas que precisariam ser melhor mapeadas, Neder cita a contradição existente entre a mulher da família patriarcal do Nordeste do país, chamada sinhazinha, com perfil dócil e passivo e atividades voltadas para o interior da casa-grande e as Bandeirantes do Sul do país, que em função do caráter militar e estratégico da colonização da