a morte de um
"O homem é o único animal que ri"
Aristóteles
O riso: conseqüência do pecado original
Do que poderia rir um Ser todo-poderoso, perfeito, que se basta a si mesmo, sabe tudo, vê tudo e pode tudo?
Essa oração deixa evidente a postura tomada na Idade Média a respeito do tema, ou seja, o cristianismo não era propício ao riso, logo, a sociedade da época - mais especificamente os fiéis - acatava esta idéia.Tal fato se explica uma vez que para a Igreja o riso relaciona-se com o pecado original: antes de pecarem os homens eram perfeitos, conheciam tudo e não tinham motivos para rir.
“(...) o riso não tem lugar no jardim do Éden. Nem sequer o riso de satisfação: há satisfação quando alguma carência é suprida; ora, o paraíso conhece a plenitude permanente”. (MINOIS,2003,p.112)
O riso existente no Éden aparece apenas como sinônimo de subordinação. Ele surgirá no sentido mais agressivo e hilário apenas após o pecado de Adão e Eva, quando a natureza humana entrará em desarmonia e desequilíbrio. Daí sua natureza diabólica: "É a desforra do diabo, que revela ao homem que ele não é nada, que não deve seu ser a si mesmo, que é dependente e que não pode nada, que é grotesco em um mundo grotesco" (MINOIS,2003,p.112). Portanto, para a Igreja o riso é visto como algo negativo, pois para existir ele necessita das imperfeições humanas: é o ser humano rindo de suas fraquezas. Tal atitude é amplamente recriminada pelos cristãos, já que para estes é recriminável tratar de forma leviana questões espirituais ou de vida eterna.
O primeiro riso que ressoa na Bíblia é o de Abraão e Sara:
E disseram-lhe:
"Onde está Sara, tua mulher?” “Ela está na tenda”, respondeu ele. E ele disse-lhe: “Voltarei à tua casa dentro de um ano, a esta época; e Sara, tua mulher, terá um filho.” Ora, Sara ouvia por detrás, à entrada da tenda. (Abraão e Sara eram velhos, de idade avançada, e Sara tinha já passado da idade.) Ela pôs-se a rir