A Manilha e o Libambo
A primeira notícia sobre escravos na África é de uma estela egípcia do faraó Sneferu (4ª. Dinastia, 2.680 aC), anunciando a captura de 7.000 escravos durante uma expedição militar à Núbia. A escravidão é muito comum no mundo antigo, e a base da economia; Estrabão fala da conceituada classe dos comerciantes de escravos (21). Na Grécia clássica, numa população de 315.000 pessoas, cerca de 115.000 seriam escravos; Atenas, então com 155.000 habitantes, tinha 70.000 escravos (20). Escravos vinham de toda parte, inclusive da África; em dois episódios da Odisséia o herói Ulisses vai ao Egito para capturar mulheres e crianças (21); um autor anônimo do séc. I dC fala da escravidão em seu texto “Périplo do mar Eritreu”; da mesma forma Cosmas Indicopleustes, no relato de sua visita à Etiópia (séc. VI dC); há relatos de núbios servindo no exército persa de Xerxes (25). Mosaicos e esculturas romanas representam africanos exercendo atividades como gladiadores, artistas de circo e criados pessoais. Também na Antiguidade barcos indianos faziam transporte de escravos trazidos da África; no século VI há relatos de escravos negros na Indonésia e na China. Esse comércio é ainda de pequenas dimensões na África; é a rápida expansão muçulmana do séc. VII que vai mudar esse cenário. Os africanos eram inicialmente minoria: os escravos vinham em sua maioria da Europa e Ásia Menor; havia centros de produção de eunucos (escravos castrados) nos Bálcãs e na Armênia (34); a partir da ocupação do Egito e as guerras com os reinos cristãos da Núbia a situação começa a se alterar. No século VIII toda a costa norte da África tornou-se muçulmana; imensas caravanas cruzam o Saara em busca do ouro