A Mandrágora, de Maquiavel – Uma abordagem psicológica
*Por Felipe Augusto Carvalho
A Mandrágora, de Maquiavel, uma comédia escrita provavelmente em 1515, desenvolve-se em torno de sete personagens: Ligúrio – um homem sem virtudes, que não mede esforços para alcançar seus objetivos -; Calímaco – um rapaz culto, e cheio de qualidades -; Siro – o fiel servidor de Calímaco – ; Lucrécia – uma bela jovem que vive para seu companheiro e cuja Vontade1) é guiada pela ética religiosa ; Messer Nicia – marido de Lucrécia, cuja Representação2) tende à nulidade ; Sóstrata – mãe de Lucrécia, uma senhora ingênua – ; Frei Timóteo – um servidor corrupto, da Igreja.
Em torno dessa obra Maquiavélica, ensejam-se inúmeras análises, dentre as quais convêm citar: as que discorrem sobre aspectos políticos, econômicos e sociais. Seja da época em que foi escrita ou de atuais situações em que o enredo seja válido. Nesse texto, a obra será analisada sob o campo epistêmico da psicologia.
Àqueles que não usufruíram a leitura da referida peça, faz-se mister um breve resumo sobre a narrativa, retirado do prefácio de Gianni Ratto, publicado na série Os grandes dramaturgos, da editora Peixoto Neto “[…] A história todo mundo já conhece: um marido, messer Nícia, ansioso em ter uma progenitura, procura recursos escusos para que o casal consiga da própria mulher uma gravidez há muito tempo por ele desejada. Os meios que são solicitados não agradam a esposa Lucrécia; pois ela é recatada, fiel e obediente aos preceitos da religião. Há um amante ardente, Calimaco Guadagni, que, recém chegado de Paris, desde o dia no qual conheceu Lucrécia está acariciando a idéia de possuí-la, ajudado nisso por seu servidor Siro. Messer Nicia, instigado pelo embusteiro Ligúrio, aceita os préstimos de Calimaco que, disfarçado de médico, oferece ao marido uma poção mágica que provocará a desejada gravidez. Mas quem irá substituir messer Nicia na hora da cópula? A chave da solução está na Mandrágora, a