A lenda do quibungo
Quibungo é um bicho meio homem, meio animal, tendo uma cabeça muito grande e também um grande buraco no meio das costas, que se abre, quando ele abaixa a cabeça, e fecha, quando levanta. Come os meninos, abaixando a cabeça, abrindo o buraco e jogando dentro as crianças.
O quibungo, também chamado kibungo ou chibungo, é mito de origem africana que chegou ao Brasil através dos bantus e se fixou no estado da Bahia. Suas histórias sempre surgem em um conto romanceado, com trechos cantados, como é comum na literatura oral da África. Em Angola e Congo, quibungo significa "lobo".
Curiosamente, segundo as observações de Basílio de Magalhães, as histórias do quibungo não acompanharam o deslocamento do elemento bantu no território brasileiro, ocorrendo exclusivamente em terras baianas. Para Luís da Câmara Cascudo, apesar da influência africana ser determinante, "parece que o quibungo, figura de tradições africanas, elemento de contos negros, teve entre nós outros atributos e aprendeu novas atividades".
Extremamente voraz e feio, não possui grande inteligência ou esperteza. Também é muito vulnerável e pode ser morto facilmente a tiro, facada, paulada ou qualquer outra arma. Covarde e medroso, morre gritando, apavorado, de forma quase inocente.
Foi um dia, um homem que tinha três filhos, saiu de casa para o trabalho, deixando os três filhos e a mulher. Então apareceu o Quibungo que, chegando na porta, perguntou, cantando:
De que é esta casa, auê como gérê, como gérê, como érá?
A mulher respondeu:
A casa é de meu marido, auê como gérê, como gérê, com érá.
Fez a mesma pergunta em relação aos filhos e ela respondeu que eram dela. Ele então disse:
Então, quero comê-los auê como gérê, como gérê, como érá?
Ela respondeu:
Pode comê-los, embora, auê como gérê, como gérê, como érá.
E ele comeu todos os três, jogando-os no buraco das costas.
Depois, perguntou de quem era a mulher, e a mulher respondeu que era de seu marido. O