A janon
CONTOS DE TERROR DE MISTÉRIO E DE MORTE NOTAS PRELIMINARES
Se se deve a POE a criação do gênero policial, com seus contos de raciocínio e dedução, cabe-lhe também o mérito de haver renovado e o romance de terror, de mistério e de morte, neles introduzindo o fator científico que lhes daria certo cunho de verossimilhança de verdade. O gênero já existia e era fartamente difundido nas letras inglesas, alemãs e francesas. Já em 1764, com o seu Castelo de Otranto, Horace Walpole, romancista inglês, iniciava o gênero que se chamou “romance negro" ou "romance gótico” , talvez porque a ação se situava quase sempre em velhos e mansões medievais. Clara Reeve secundou-o. Mais tarde Anne Radcliffe enchia seus livros de cenas e personagens aterrorizantes. Lewis imprimia-lhe a marca do satanismo e Maturin, na França levava-o às raias da loucura e da fantasmagoria. Na Alemanha com João Paulo Richter perde-se ele pelo vago e pelo poético imaginoso, com Hoffmann atinge os limites do maravilhoso fantástico. Na própria América do Norte, cuja literatura iniciava, Charles Brocken Brown transplanta para as terras do Novo Mundo as fantasmagorias e horrores dos romances de Anne Radcliffe, completando-os com as obsessões e os terrores íntimos de seus personagens. A influência do "romance negro" foi imensa na Inglaterra, França e na Alemanha. Pode-se encontrá-la em escritores Walter Scott, Byron, Shelley, cuja esposa, também escritora, criou o famoso personagem Frankenstein. O romantismo iria se aproveitar de muito dos cenários e das emoções desencadeadas e até do fantástico e do maravilhoso de que os romancistas abusaram. Nodier, Victor Hugo, Jules Janin, Balzac não escaparam à influência do gênero. Mas deve-se, na verdade, a Edgar Poe tê-lo renovado, e ter feito dele uma obra de arte e não um meio de desencadear terrores em leitores impressionáveis tirando-lhes o sono. Deu-lhe em primeiro lugar uma concentração de força explosiva que não existia nos