A INVENÇÃO DAS TRADIÇÕES
Mariza Miranda da Silva
"Somos os que fomos desfeitos no que éramos, sem jamais chegar a ser o que fôramos ou quiséramos. Não sabendo quem éramos quando demorávamos inocentes neles (os indígenas, negros), inscientes de nós, menos sabemos quem seremos" (Darcy Ribeiro).
Um dos maiores historiadores marxista, Eric Hobsbawm, juntamente com Terence Ranger escreveram um livro intrigante e ao mesmo tempo, maravilhoso, intitulado a “Invenção das Tradições”1.
A invenção de tradições europeias impostas como sendo as tradições do novo continente, transformou primeiramente a vida dos índios, que infelizmente passaram por mudanças em suas tradições, até o “dizimar” de suas várias tribos, e, posteriormente, na vida dos africanos, que se viram obrigados a deixar seu país de origem, as suas variadas condições sociais: desde reis até simples moradores de uma tribo e a sua rica cultura, a uma condição desumana do sistema escravocrata. Assim, tanto os índios quanto os africanos passam a condição de “ex-livres” para permanecer ao julgo do povo europeu.
Ao expor esse ponto da invenção das tradições, passa a ocorrer um descortinamento dos acontecimentos na América Latina, pois, a intenção do dominador ou colonizador, era a de obter o domínio territorial, e em decorrência dessa dominação, passa também a dominar os costumes, as tradições, eliminando os rituais dos povos, que tinham uma maneira originária e peculiar de manter o contato com o seu Sagrado2, e, infelizmente eram considerados povos inferiores pelos europeus. Portanto, o estudo das tradições seria um caminho para esclarecer as relações humanas com o passado:
“En historia de las religiones, “toda” manifestación de lo sagrado es importante. Todo rito, todo mito, toda creencia o figura de divina refleja la experiencia de lo sagrado, y por ello mismo implica nociones de “ser”, de “significación” y de “verdad”. Como ya dije en otra ocasión, resulta difícil imaginar cómo podría funcionar el