A Independência do Brasil
D. Rodrigo de Sousa Coutinho, ministro dos Negócios do Ultramar, propusera em 1798 uma política de reconciliação imperial, após as conspirações de Minas, do Rio de Janeiro e da Bahia. O ilustrado conselheiro da Coroa defendia o estabelecimento de uma federação de províncias, incluindo as possessões coloniais, de forma que todas gozassem as “mesmas honras e privilégios”, “a fim de que o português nascido nas quatro partes do mundo se julgasse somente português”. Em 1803, consultado sobre a situação européia, D. Rodrigo acrescentava: “Portugal não é a melhor parte da monarquia, nem a mais essencial”. Isso significava que um poderoso império sediado na América do Sul seria mais capaz de responder a agressões da França, da Inglaterra e da Espanha, e de defender seus domínios mais ricos.
A vinda da corte portuguesa ao Brasil
Em 27 de novembro de 1807, cerca de 70 navios deixaram Lisboa com milhares de nobres, soldados e toda a família real, incluindo a rainha, D. Maria, a Louca, e o príncipe D. João, que assumira a regência de 1792 devido a doença da mãe. Não se tratava de uma imensa excursão em direção as exóticas terras tropicais. A sede da monarquia portuguesa estava de mudança para o Rio de Janeiro. Apressadamente haviam sido embarcados todo o tesouro real, metade das moedas em circulação no reino, móveis, roupas e demais objetos de valor. Até mesmo a biblioteca real, de cerca de 60 mil livros, animais de criação e alimentos foram levados para o porto de Lisboa. Uma multidão indignada assistia ao espetáculo. Seus governantes fugiam do exército francês, que estava às portas de