A hora da estrela
Modernismo Brasileiro
A obra inicia com um prefácio, em forma de dedicatória, em que ela se propõe uma reflexão desenvolvida através dos verbos dedicar, dedicar-se e meditar. A seguir, uma seqüência de subtítulos que sugerem vários aspectos do livro: A culpa é minha /ou/ A hora da estrela /ou/ Ela que se arranje /ou/ O direito ao grito etc. A narrativa é lenta, em conseqüência das inúmeras digressões do narrador Rodrigo S.M (Descrever me cansa, (...). Como é chato lidar com fatos, o cotidiano me aniquila, estou com preguiça de escrever esta história...). Há mistura de notações generalizantes (Às vezes só a mentira salva, "O sofrimento é sempre um encontro consigo mesmo: sofrer amadurece") com indicações nuas e cruas (Depois que ele desapareceu, eu, para não sofrer, me divertia amando mulher. O carinho de mulher é muito bom mesmo, eu até aconselho porque você é delicada demais para suportar a brutalidade dos homens e se você conseguir uma mulher vai ver como é gostoso, entre mulheres o carinho é mais fino). Há registros íntimos (Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei...) e observações de pertinência social (Nascera inteiramente raquítica, herança do sertão, (...). Essa moça não sabia que ela era assim como um cachorro não sabe que é cachorro, (...) nem se dava conta de que vivia numa sociedade técnica onde ela era um parafuso dispensável). Há vários trechos em que se fazem considerações sobre o papel do escritor brasileiro moderno e a condição indigente da população brasileira: Antecedentes meus do escrever? Sou um homem que tem mais dinheiro do que os que passam fome, o que faz de mim de algum modo um desonesto. (...) através dessa moça dou o meu grito de horror à vida. A vida que tanto amo. São abundantes as reflexões sobre a figura feminina, sua condição social e individual, sua condição humana transcendental: Teria ela o sensação de que vivia para nada? Nem posso saber, mas acho que não (...).