A história nos quadrinhos e na tela
A TRANSPOSIÇÃO DA NARRATIVA EM WATCHMEN1
Camila Augusta Pires de FIGUEIREDO
Mestre em Letras: Estudos Literários pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) E-mail: camilafigueiredo82@hotmail.com
Resumo Este artigo analisa a transposição midiática do romance gráfico Watchmen, de Alan Moore, para o cinema em 2009. O objetivo é propor um estudo sobre como a narrativa quadrinizada foi transposta para o cinema, através de várias versões em múltiplos DVDs, com a intenção de se aproximar ao máximo da obra original.
Palavras-chave Watchmen; romance gráfico; transposição midiática
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Este artigo é uma versão modificada de parte da minha dissertação de mestrado intitulada Hollywood goes Graphic: the intermedial transposition of Graphic Novels to films.
Rev. Let. & Let. Uberlândia-MG v.27 n.2 p.277-288 jul.|dez. 2011
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mbora tenha suas raízes em tradições orais e pictóricas, a narrativa é sempre vista como a corporificação natural da linguagem escrita. A suposição de que a narrativa é um evento exclusivamente literário faz com que a função narrativa das imagens seja frequentemente ignorada em uma mídia híbrida. No entanto, as imagens podem narrar, tanto quanto as palavras. No caso de filmes e histórias em quadrinhos, textos verbais e visuais têm funções narrativas distintas, e é crucial dedicar às imagens a mesma atenção que ao texto. Nos quadrinhos e nos filmes, a narrativa2 é o resultado de uma sequência de imagens. Nos quadrinhos, os elementos formais que narram são principalmente a disposição dos quadros e as calhas (os espaços entre os quadros) em uma página, bem como as figuras desenhadas no interior dos quadros. No entanto, uma única imagem também pode narrar. Neste caso, a narrativa é sugerida por uma única imagem, sem que os eventos narrativos sejam diretamente representados3. Em Paisagem com a Queda de Ícaro de Bruegel (1558), por exemplo, o