A história de Lampião e do Cangaço
DO CINEMA BRASILEIRO
Matheus ANDRADE
(theujp@bol.com.br)
Universidade Federal da Paraíba (UFPB) (mestrando)
1 - Introdução
O cangaceiro Lampião é o personagem da história do Brasil que mais vezes foi representado pelo cinema nacional. Registram-se décadas com um extenso número de filmes sobre o movimento. Nessa trajetória cinematográfica, Virgulino Ferreira da
Silva transcorre caminhos discursivos paradoxais: ora apresentado como o facínora, ora como o mocinho. São versões fílmicas que variam com freqüência na representação do tema.
Sendo assim, nosso objetivo, aqui, é discorrer sobre dois momentos históricos nos quais o mesmo filme apresenta a imagem de mocinho sobre Lampião: as décadas de 1930 e 1990. Contudo, devido às diferentes formações discursivas, observaremos a movência de sentido desse enunciado fílmico, no qual constam as imagens originais de Lampião e seu bando. Os filmes em jogo são Lampião, o Rei do Cangaço, dirigido por Benjamim Abrahão, em 1936, e Baile Perfumado, dirigido por Paulo Caldas e
Lírio Ferreira, em 1996, o qual reutiliza as imagens feitas por Abrahão.
Mas, primeiramente, assistiremos a uma breve história de Lampião, entendendo sua trajetória no cangaço, destacando sua relevância para o movimento.
Em seguida, veremos, aos moldes da escola francesa de Análise do Discurso, a idéia apresentada sobre formação discursiva e sua relação com o enunciado fílmico. Para, enfim, chegarmos aos filmes aqui em questão, em suas respectivas condições de produção e o deslizamento de sentido, imaginando, a partir de agora, um possível final feliz.
2 – Caminhos de Lampião
No ano de 1938, traídos por um coiteiro que se dizia de confiança, Lampião,
Maria Bonita e outros nove cangaceiros integrantes do seu bando foram atacados pela volante do Tenente João Bezerra da Silva, na fazenda conhecida como Angicos, localizada em Sergipe. Aquela foi a última querela travada com os macacos