A historicidade do personagem Pedro Archanjo na Obra Tenda dos Milagres de Jorge Amado
21/06/2012
Introdução Antes de trabalhar a personagem central do romance de Jorge Amado, se faz necessário um breve resumo da história contada para utilizarmos mais adiante como base de referências. Publicado em 1969, traduzido para dez idiomas e adaptado para o cinema e a TV, o livro Tenda dos Milagres é um grito contra o preconceito racial e religioso, um canto à miscigenação e ao sincretismo tão marcantes na obra do escritor Jorge Amado. É a história de Pedro Archanjo, um mulato, boêmio e erudito que documentou a cultura popular e provou a ascendência negra da aristocracia baiana do início do século XX. A história do herói pobre, que assumiu o preço de colocar o dedo na ferida dos inimigos da mestiçagem. O título do livro alude ao letreiro ostentado pela oficina do riscador de milagres Lídio Corró, artesão estabelecido à Ladeira do Tabuão na cidade da Bahia, amigo-irmão de Pedro Arcanjo, nascido a 18 de dezembro de 1868. Freqüentou o Liceu de Artes e Ofícios, onde conheceu Lídio Corró, oito anos mais velho conquanto igualados numa amizade fraterna que duraria toda a vida. Ainda adolescente perde a mãe e engaja-se num cargueiro para o Rio de Janeiro, de onde retorna aos vinte e um anos de sua idade para não mais deixar a Bahia, fixando-se ao lado de Lídio na Tenda dos Milagres. Nomeado bedel da Faculdade de Medicina em 1900, publica em 1907 seu primeiro livro, "A Vida Popular da Bahia", quando é requisitado pelo catedrático Silva Virajá para seu auxiliar, a fim de dar-lhe oportunidade para ampliar os estudos. Em 1918 lança "Influências Africanas nos Costumes da Bahia" e, em 1928, "Apontamentos Sobre a Mestiçagem nas Famílias Baianas", obra que lhe custou o emprego devido à reação racista liderada pelo professor Nilo d'Ávila Argolo de Araújo. Mesmo reduzido à simples condição de "pobre, pardo e paisano", publica em 1930 seu último trabalho, "A