Chegando ao nosso conhecimento ter o diretor do Arquivo Público, doutor Francisco Borges de Barros, solicitando do doutor secretario do Estado a necessária autorização no sentido de lhe ser entregue o arquivo do Teatro São João, reputado de primeira ordem, procuramos o mesmo diretor em sua repartição, ontem às 2 horas da tarde. Apesar de fechadas as demais repartições ele trabalhava. Todos os funcionários, de bom grado o auxiliavam em arrumações, buscas e pesquisas. Já é outro, em poucos dias, o aspecto daquele departamento. As cartas régias uma das grandes riquezas do Arquivo, estão extremadas; iniciou-se a catalogação dos maços de papéis importantíssimos como sejam: os quintos e dízimos do ouro, a planta da Bahia em 1621; os fatos da Sabinada; o estudo e planta do Rio Paraguaçu em 1784; cartas régias de D. João III, D. João IV, D. João V e D. José I sobre as terras dadas como patrimônio à cidade da Bahia, as reclamações sobre ocupações indevidas nessas terras, alvarás ordenando as medições das mesmas e intimações dos réus, o cuidado daquelas cortes sobre os serviços das águas compreendidas nas terras do patrimônio da cidade do Salvador. Passamos a outra seção e lá encontramos vários montões de maços de papéis: eram as sesmarias, antigos documentos sobre navios negreiros e sinais de escravos, fórmulas de testamentos em 1580, proibição aos negros e mulatos de usarem sedas nos ominosos tempos de D. João III e ordens da corte portuguesa, vedando, no Brasil, a entrada de armas, que não fossem procedentes de Lisboa. Mais adiante deparamos, salvos do pó, os mapas da Bahia e do Rio Grande do Sul, feitos pelo Barão Homem de Mello, a planta levantada em 1875 para a construção de um dique para a Companhia Baiana e um belo quadro da árvore genealógica da família, de que foi tronco ancestral Catharina Paraguassú. A poeira nos asfixiava e o laborioso diretor, sorrindo, dizia: trabalhamos como mineiros, cada dia encontramos novo filão referto e riquíssimo em dados e informações