A Hist Ria Dos Bret Es
Adriana Zierer1[1]
A Historia Brittonum faz parte de um conjunto de fontes latinas sobre os bretões no período da Alta Idade Média. Antes dela foram escritas The Excidio et Conquestu Brittaniae (540) e Historia Eclesiastica Gentis Anglorum (731), de Beda. A principal importância da nossa obra é a de ser a primeira delas a apresentar a figura do mítico Artur, visto no relato como um guerreiro invencível. A existência de Artur não é atestada pela historiografia. Se viveu teria sido um chefe bretão vencedor de doze batalhas contra os saxões no século VI, conforme nos apresenta Nennius.
Como o mito arturiano surgiu primeiro entre os bretões, seria interessante situar historicamente esta população cuja origem eram os celtas. Estes povos habitavam diversas áreas da Europa Ocidental desde a Pré-História, e mais tarde foram dominados por outros inimigos, prevalecendo principalmente nas Ilhas Britânicas. Viviam em tribos rivais entre si, sendo comandados por um chefe ou rei. Acreditavam na existência do Outro Mundo, a terra dos deuses, que podiam entrar constantemente no mundo dos vivos, como no conto galês Pwill, Príncipe de Dyved no qual um deus e um mortal trocam de lugar por um período de um ano (Mabinogion, 2000, p.23-51).
A partir do século II a.c., os romanos dominaram a Gália, que foi romanizada, perdendo seus elementos célticos, o que não aconteceu com a Bretanha, cujo sudeste eles invadiram no ano 43 a.c. Porém, sua estrutura hierárquica e sua cultura permaneceram intocadas. (MARKALE, 1994, p. 152-156). Os romanos construíram o muro de Adriano para impedir que outros povos (como os pictos, habitantes da atual Escócia e os escotos, os irlandeses) atacassem a Bretanha. Quanto à Irlanda e País de Gales, não sofreram o seu domínio, tornando-se fundamentais para conservar os elementos da cultura céltica, que foram transmitidos oralmente por toda a Idade Média.
Com a