A Guerra Civil de Espanha na raia algarvia
A Guerra Civil de Espanha, embora seja um acontecimento passado, permanece presente nas memórias individuais e colectivas dos seus protagonistas e testemunhas, assim como dos seus descendentes.
Nos últimos anos registou-se um grande interesse pela recuperação da memória histórica, movido por inquietações de tipo científico e político, pretendo desvendar e analisar “os silêncios” que ocultaram as partes incómodas da história social e política, sacrificando a memória dos indivíduos e de grupos a um suposto interesse de “paz social”.
Recuperar a memória para dar sentido ao futuro é uma atitude que deve ser assumida por todos. Hoje, a perseverança em defender a nossa cultura torna-se fundamental para a coesão social.
A solidariedade entre as comunidades vizinhas do Guadiana, portuguesas e espanholas, ficou bem patente no período que enlutou a Península Ibérica entre 1936 e 1939: a Guerra Civil de Espanha.
Quando se procura uma perspectiva equilibrada e sustentável de desenvolvimento para esta região, não pode ser ignorada a função da História na reconstrução do conhecimento, não deixando branquear as atitudes do passado, procurando aprofundar os laços sociais e humanos destas comunidades vizinhas, que se viram quase irremediavelmente separadas após décadas de governos ditatoriais, de Salazar e Franco.
A relação entre os poderes ibéricos durante a Guerra Civil de Espanha é um exemplo da distância a que se encontravam as políticas dos poderes centrais da atitude solidária das populações das zonas raianas.
Os jornais, os livros, os editais ou os manifestos da época não são suficientes, nem muitas vezes o melhor instrumento, para analisar, estudar e ensinar os reflexos desses anos terríveis. A perda diária de documentos importantíssimos para a construção do devir histórico destas comunidades tem que ser objecto da nossa atenção imediata. Quais são esses documentos? São as memórias, a história oral trazida pelas gentes que