A Grande Partida

A Grande Partida
Por Natan Rocha
O grande dia. O grande momento. Havia chegado.
O orgulho estava no céu. Através do verde e amarelo, o azul profundo era contemplado.
Sob o Sol estavam livres. Tudo o que os seus raios tocavam era transformado em ouro.
A decisão estava próxima. Em breve, as diferenças seriam deixadas de lado, por um momento de paz... E emoção.
Em cada canto do país, os corações palpitavam em uma só sintonia. Em cada casa, em cada rua, em cada esquina, bar e praça. O sentimento era unânime.
E aqui não foi diferente.
Ao meio-dia a cidade parou. Ponto facultativo. Trabalhador também era filho de Deus e se Deus era mesmo brasileiro, o Brasil iria ganhar.
Manaus havia se tornado um centro urbano sem identidade, mas ao mesmo tempo um caleidoscópio de cores, raças e etnias.
Recebendo visitantes, turistas e estranhos, além de residentes de sua própria cidade, o Largo São
Sebastião acabou se mostrando uma opção interessante e viável para quem não queria acompanhar a seleção em casa. Assistir ao último jogo compartilhando calor humano de outros religiosos torcedores, adeptos do mesmo credo pela vitória do Brasil, levou centenas e centenas de pessoas para a praça, onde um grande telão estava disposto para qualquer um assistir. O confronto estava marcado para as 16:00 da tarde, e o calor peculiar da cidade não desanimava ninguém ante a perspectiva de vitória. Não demorou muito para o lugar ficar cheio, um tapete verde e amarelo disperso até onde era possível a vista, pessoas usando os mais diversos tipos de acessórios: chapéus, óculos, camisas, máscaras, cornetas... O teatro Amazonas, senhor do tempo que estava ali há mais de um século, ocupava o seu habitual papel de cartão-postal, sendo fotografado por alguns chineses que poderiam ser, na realidade, coreanos.
Aos poucos os espaços vazios eram preenchidos pelas cores da bandeira. Aqui e ali as pessoas se acomodavam na posição que julgavam mais confortável para assistir ao fatídico duelo final que definiria o