A geopolítica brasileira no alvorecer do século XXI
Almirante Joaquim Arinê Bacelar Rego – Monografia apresentada à Escola de Guerra Naval em 2003.
“Não é porque as coisas são difíceis que não ousamos. Porque não ousamos é que as coisas se tornam difíceis”. (Seneca)
INTRODUÇÃO
A cena mundial da alvorada dessa nova centúria é caracterizada por uma ambiência geopolítica complexa e instável, na qual as questões político-econômicas constituem o fio condutor da agenda internacional.
Impõe-se, portanto, o entendimento de que a política é a arte de estabelecer os objetivos (o que fazer) e, em função disso, seriam estabelecidas as ações e os meios que conduziriam à consecução daqueles objetivos, ou seja, a estratégia (como fazer). Logo, o domínio político é que deve nortear o domínio econômico. É um erro muito comum, hoje no Brasil, inclusive de importantes pensadores nacionais, dar prioridade às questões relativas à estratégia econômica em detrimento da concepção política.
O fim da bipolaridade geopolítica não trouxe o desejado equilíbrio político-estratégico, ao contrário do que pensavam vários estudiosos. Assim, o novo cenário internacional assume uma nova arquitetura, permeada pela onda do processo da globalização sob o manto da ideologia neoliberal, na qual sobreleva-se uma acirrada confrontação político-econômica intercalada por acentuadas assimetrias de poder.
Nesse enfrentamento, aparecem, de um lado, os Estados emergentes da periferia geopolítica mundial e, do outro, os Estados desenvolvidos como guardiões dos interesses das estruturas hegemônicas de poder. Nesse contexto, adquire maior relevo uma superpotência hegemônica, os EUA, coadjuvada por outras potências, a União Européia (UE) e o Japão.
Portanto, é nesse ambiente que um país como o Brasil, com uma fisionomia geopolítica saliente no contexto sul-americano, e por decorrência na América Latina, deveria conceber uma postura político-estratégica que lhe permitisse realizar uma inserção global