A FUNÇÃO DO GERENTE1 Henry Mintzberg Tom Peters nos diz que bons gerentes são fazedores (Wall Street diz que eles “fazem negócios”). Michael Porter sugere que sejam pensadores. Não é o caso, argumentam Abraham Zaleznik e Warren Bermis: bons gerentes são, na realidade, líderes. No entanto, durante a maior parte deste século, os escritores clássicos - Henri Fayol e Lyndell Urwick, entre outros - insistem em nos dizer que bons gerentes são essencialmente controladores. É uma curiosidade da literatura da administração que seus melhores autores parecem enfatizar uma parte em particular da função do gerente, em detrimento de todas as outras. Juntos, talvez, esses autores cubram todos os aspectos, mas nem mesmo isso descreve todo o trabalho de gerenciamento. Além do mais, a imagem deixada por todos sobre a função do gerente é que se trata de um cargo altamente sistemático e cuidadosamente controlado. Esse é o folclore. Os fatos são bem diferentes. Começaremos por uma revisão das primeiras descobertas de pesquisas sobre as características da função do gerente, comparando esse folclore com os fatos, como observei em meu primeiro estudo sobre o trabalho gerencial (publicado na década de 70) e reforçado por outras pesquisas. Em seguida, apresentaremos um novo arcabouço para pensarmos sobre o conteúdo da função - o que os gerentes realmente fazem - com base em algumas observações recentes que fiz de gerentes em situações bem distintas. Alguns Fatos e Folclore sobre o trabalho gerencial Existem quatro mitos sobre a função do gerente que não passam por cuidadoso escrutínio dos fatos. Folclore: o gerente é um planejador sistemático e ponderado. As provas nesta questão são arrasadoras, mas não há um fragmento sequer que dê sustentação a esta afirmação. Fato: estudo após estudo tem mostrado que os gerentes trabalham em um ritmo inflexível, que suas atividades caracterizadas por brevidade, variedade e descontinuidade e que são fortemente orientados para ação e que não gostam de