A fraternidade como paradigma da identidade espirita
DA IDENTIDADE ESPÍRITA
Luiz Signates (*)
Goiânia-GO, Brasil
RESUMO
Numa rápida análise socio-filosófica da questão da identidade no espiritismo, procura-se demonstrar que a vinculação do auto-reconhecimento espírita exclusiva ou principalmente a conteúdos de um sistema de crenças, por mais bem fundamentado, pode acabar efetuando rupturas nos parâmetros éticos do espiritismo, gerando, com isso, uma contradição própria das esferas religiosas tradicionais. Propõe-se, como alternativa, a vinculação prioritária da identidade espírita a parâmetros éticos que possam, num quadro de emergência pós-metafísica da filosofia social, ser garantidos de forma universalista. Nesse sentido, defende-se que a opção mais viável na atualidade é a adoção de uma concepção procedimental da fraternidade, em termos de uma ética alteritária. Palavras-chaves: espiritismo, identidade cultural, religião, ética
INTRODUÇÃO
Este trabalho pretende discutir o problema pragmático da identidade cultural espírita nos dias de hoje. Para isso, situa-se num quadro histórico em que as instituições consideradas centrais e grupos intelectuais do movimento se preocuparam em definir o que é e o que não é espírita, a fim de fundamentar as políticas de aproximações e distanciamentos em relação a grupos e práticas as mais diversas, que se inserem na realidade vivida da cultura espírita ou que a permeiam de algum modo no âmbito da sociedade. Em seguida, realiza-se uma análise dessas opções, a partir de uma filosofia da ética pragmática, procurando saber a consistência e as contradições implicadas nesses procedimentos e, com isso, poder verificar as condições de possibilidade de uma proposta ética coerente com a natureza e os objetivos do Espiritismo.
Inclui-se ainda este texto numa série de pesquisas e estudos19 que o autor vem desenvolvendo nos últimos anos, no âmbito do que tem sido denominado uma “sociologia de movimento espírita”, a partir da qual se