A formação dos profissionais de saude e o hospital
A formação médica tem sua história intimamente ligada à história dos hospitais e do significado deles para o ensino médico e para o desenvolvimento da medicina moderna e científica. Esta fase inicia-se no final do século XVIII, época em que também os hospitais se tornaram instrumentos terapêuticos (FOUCAULT, 1979). Os hospitais da Europa têm suas origens nas ordens religiosas caritativas e por elas foram gerenciados por muito tempo. Seu principal objetivo era cuidar do pobre e do desamparado, até que morresse, tendo a oportunidade de receber os sacramentos e consolo. Não se esperava a cura do doente, a não ser por milagre. O hospital significava um lugar de morrer, recebendo cuidados e sem incomodar a família ou a sociedade. Era também uma forma de exclusão e de proteção da sociedade, num mundo de grandes epidemias e doenças incuráveis (FOUCAULT, 1979). Até meados do século XVIII, o hospital não era um contexto médico. O exercício da medicina acontecia nas residências das famílias ricas, onde a figura do médico ganhava cada vez mais poder. A mulher também ganha mais poder dentro da família, assumindo o papel de cuidadora e protetora das crianças.
Dentro deste papel torna-se aliada do médico para o desenvolvimento das noção de cuidados às crianças. Instituem-se ordens quanto à alimentação, vestuário e proteção emocional da criança, ao mesmo tempo em que se discute e se fomenta a idéia de salubridade e higiene pública (ROSEN, 1998). Os avanços do conhecimento científico, tanto na área médica quanto na área da tecnologia de guerra, mudaram o significado do hospital e seus objetivos.
As guerras estimularam o avanço das técnicas cirúrgicas desde o século XVI, mas apesar da importância dos cirurgiões para as milícias de guerra, estes não eram considerados médicos. Os médicos faziam parte de uma elite culta e abastada enquanto os cirurgiões vinham do povo. Geralmente começavam suas