A formação do povo brasileiro
A FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO E O MEU ALUNO OBJETO DE
EXCLUSÃO: EXISTE ALGUMA RELAÇÃO?
Tatiana Bezerra Fagundes (autora)
“Portanto, não se iluda comigo, leitor. Além de antropólogo, sou homem de fé e de partido. Faço política e faço ciência movido por razões éticas e por um fundo patriotismo” (RIBEIRO, 2008,
p.17).
Com as palavras acima, Darcy Ribeiro encerra o prefácio da terceira edição do livro “O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil” (2008). A força e a significação de suas palavras se fazem sentir ao longo do texto, que revela um profundo compromisso com a gente desse país continental chamado Brasil. Isso, por si só, seria motivo de grande contentamento por parte daqueles que, a longa data, têm percebido a necessidade de que cientistas brasileiros voltem o olhar para a sua própria história e tentem perceber as propriedades pelas quais nos fazemos um povo tão singular
(SENNA, 1997). Todavia, para além disso, o que esta obra nos traz é a revelação de nós mesmos enquanto cultura, enquanto sujeitos sociais e cognoscentes capazes de nos apropriarmos de nossos modos de viver, de agir e de ir construindo a nossa própria história. Essa afirmação parece óbvia, no entanto, tal obviedade nos escapa quando somos confrontados com uma análise da literatura das ciências humanas – sobretudo no campo da psicologia da aprendizagem e da linguística aplicada – pela qual parecemos não ser contemplados, a não ser que seja feito um grande esforço de adaptação para isso. O