A fonte do Itororó
Fui a Itororó
Beber água e não achei
Adeus bela morena
Que no Itororó deixei...
A música é bem conhecida e cantada pelas crianças em todo o Brasil, mas até mesmo muitos santistas desconhecem sua origem santista, e há quem atribua origens baianas pelo fato de em Salvador existir o Dique do Itororó.
Na verdade, conta o falecido escritor Olao Rodrigues, em seu livro Cartilha da História de Santos (1980, Santos), que a fonte, situada no sopé do Monte Serrate, era "servida por água límpida e cristalina, que brotava da rocha a meio caminho do lendário morro" e "muita gente para lá acorria a fim de saborear o bom líquido, com ou sem sede, pois dizia-se que quem dela sorvesse, não mais deixaria a cidade. E a lenda pegou. Fez fama. Certo é que centenas e milhares de criaturas que tomaram a gostosa água aqui ficaram como desejavam."
Continua o autor: "Antigamente, quando a cidade não dispunha de rede abastecedora, a água do Itororó era buscada para uso doméstico, como também servia a muitas lavadeiras pobres. Tudo tem seu fim. A Municipalidade canalizou o líquido, que passou a jorrar com mais densidade. Mas também vieram os abusos. E, um dia, a água pura, límpida e cristalina, que nascia naturalmente, foi considerada bacteriologicamente nociva e, como tal, condenada para uso público. Mais adiante, ainda no sopé do Monte Serrate, construiu-se outra fonte muito procurada, como se a água viesse de qualquer nascente do morro. Também esta não está mais em uso, tais os abusos que maloqueiros - homens e mulheres - perpetravam; embora sujeita ao registro comum da rede, está há tempo desligada.
"Não temos, pois, Fonte do Itororó, nem legítima, nem disfarçada. Aliás, a antiga Biquinha está situada em próprio municipal, o Serviço de Eletricidade da Prefeitura Municipal. Antes, lá funcionou empresa industrial, a Companhia de Águas do Itororó, que suspendeu sua atividade. Até boate foi em outros tempos - O Churrasco - muito movimentada lá por 1932-33.