A fome oculta
A correria do dia-a-dia pode trazer mais do que cansaço e falta de tempo. Deixar de lado os cuidados com a alimentação é ameaça certa contra a saúde. O mal, inclusive, já recebeu nome entre os especialistas: trata-se da chamada fome oculta, um dos problemas nutricionais de maior prevalência no mundo. A síndrome nutricional é diferente da desnutrição e está relacionada com a necessidade do organismo de um ou mais micronutrientes (vitaminas e minerais).
Os prejuízos do mal são preocupantes e incluem o aumento no risco de desenvolver doenças como osteoporose e câncer, como explica a nutricionista Lílian de Carla Sant Anna, do Hospital do Coração. "Os sintomas da Fome Oculta não são aparentes. Ela é difícil de ser diagnosticada por exame físico. Esgotamento físico e mental são alguns sinais que precisam ser comprovados por exames bioquímicos e avaliação médica. As conseqüências aparecem em longo prazo, uma vez que a carência de vitaminas e minerais não tem efeitos imediatos.
A fome é chamada de oculta porque o incômodo não está no estômago roncando. Quem sente a falta de alimentos é seu organismo, que não consegue funcionar direito. "A alimentação inadequada mata a fome, mas deixa nosso corpo vulnerável", afirma a nutricionista.
"O principal meio para reverter o problema é apostar em uma alimentação balanceada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um consumo de frutas e hortaliças de quatro porções por dia. Trata-se de um hábito simples, que pode garantir mais saúde e diminuir os riscos da síndrome", recomenda a especialista.
Segundo dados do International Life Science Institute (ILSI), a fome oculta afeta uma em cada quatro pessoas no mundo, a maioria em países em desenvolvimento. No entanto, o problema não tem relação com o poder aquisitivo das pessoas, podendo atingir tanto os ricos como os pobres, em diferentes regiões do Brasil e de qualquer faixa etária.
Mas são as crianças e os jovens que mais se enquadram no grupo de risco.