A FLOR DE MARACUJA
A FLOR DO MARACUJÁ
Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá!
Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá!
Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá!
Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá!
Pelas florestas imensas,
Que falam de Jeová!
Pela lança ensangüentada
Da flor do maracujá!
Pelas tranças de mãe-d’água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá!
Por tudo o que o céu revela,
Por tudo o que a terra dá
Eu te juro que minh’alma
De tua alma escrava está!…
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá!
Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em – á –
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos, ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!
Fagundes Varela
Vocabulário
Sinhá - forma que escravos designavam senhora
Goivo - uma especie de flor
Manacá - uma arvore que da belas flores
Ubá - canoa de indios
Interpretação
No poema dá a entender que o autor é um escravo que faz apelos atraves de recursos da natureza, a sua senhora ou a sua “sinhá”.
O autor ,faz utilização da redondilha maior, dando ao poema um tom de leitura mais popular. Em sua estrutura ele faz a utilização repetitiva de alguns termos no início dos versos, como as palavras pelas e pelo.
Podemos perceber ao longo do poema, que o autor faz um apelo referente a elementos da natureza, para que a pessoa a que ele faz este apelo, guardar um emblema que ele pede. Na ultima estrofe ele utiliza um tom humorado, e pede para que não se enojem das rimas repetitivas que ele utiliza.
Relação entre a obra e seu contexto de produção
Como em todos os poemas da era Nacionalista, este poema o autor através de elementos da