A Firma John Grisham
Se os livros tivessem preço acessíveis, todos poderiam comprá-los. A digitalizaçào desta obra é um protesto contra a exclusão cultural e, por consequência, social, causadas pelos preços abusivos dos livros editados e publicados no Brasil. Assim, é totalmente condenável a venda deste e-livro em qualquer circunstância.
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A FIRMA
John Grisham
Não é muito vulgar ver-se um jovem bem-vestido, de pasta na mão, a correr pela rua fora como um animal acossado. Principalmente se esse jovem for
Mitch McDeere, o menino-bonito da mais próspera firma de advogados da cidade. Mas nem todos os empregos são o que parecem.
E Mitch McDeere tem razão para estar assustado.
Ele foge para salvar a vida.
O sócio mais antigo analisou pela centésima vez o currículo e, mais uma vez, não encontrou nada que lhe desagradasse em Mitchell Y. McDeere, pelo menos ali no papel. Tinha miolos, ambição e bom aspecto. E estava ávido; com o seu passado, isso era inevitável. Era casado, o que era imprescindível.
A firma nunca contratara um advogado solteiro e não via com bons olhos o divórcio nem aventuras nem farras. Análises anti-droga constituíam uma das cláusulas do contrato. Era formado em Contabilidade, passara o exame de técnico oficial de contas logo à primeira e queria exercer advocacia na área do direito fiscal, o que, obviamente, era essencial numa firma especialista na matéria. Era branco, e a firma nunca contratara um negro. Conseguiam-no sendo discretos e clubistas e nunca solicitando candidaturas. As outras firmas faziam-no e contratavam negros. Aquela firma permanecia branca como a cal.
Além disso, a firma era em Memphis, e os negros mais qualificados preferiam
Nova Iorque, Washington ou Chicago. McDeere era homem, e não havia mulheres na firma. Tinham cometido esse erro em meados dos anos 70, ao recrutarem o melhor aluno de Harvard, que por acaso era uma mulher e uma barra em direito fiscal. Aguentara-se durante quatro turbulentos