A finalidade do trabalho
O homem é um ser intrinsecamente perfectível que aperfeiçoa o modo de satisfazer suas necessidades, mediante a técnica. Isso se pode definir como trabalho.
O fim do trabalho é triplo:
a) obter aquilo de que necessita. As necessidades humanas não são apenas biológicas, mas também culturais, educativas, familiares, etc. Tudo aquilo que o homem se propõe alcançar acaba convertendo-se em uma necessidade;
b) o trabalho organiza e transforma o meio natural no qual o homem vive. Essa transformação significa uma melhora do mundo enquanto se dá racionalidade ao mundo, ajudando-o a alcançar seus fins (o homem pode plantar árvores, ou transformar um deserto em terra de cultivo). Entretanto, essa melhora não é garantida: de fato, podemos estragar o mundo, e isso já é um problema ético; 771
c) o homem, trabalhando, se aperfeiçoa a si próprio, adquire novos hábitos, faz novos descobrimentos, fortalece sua capacidade, sua preparação, sua experiência, seus conhecimentos, se torna apto para novas tarefas, adquire uma profissão. Partindo desse ponto de vista, pode-se perceber que a preguiça é um vício antropológico, pois suprimem os três fins do trabalho aqui mencionados. Entretanto, porque o ser humano é inteligente, e porque a inteligência é criadora, é capaz de produzir mais do que ele mesmo necessita, é capaz de caçar para si e seus filhos, e, inclusive, pode evitar o exercício da caça, substituindo-o pela criação de gado, comercializando com ele, e assim dedicar seu tempo a alguma coisa mais do que à sobrevivência. Essa é a origem da divisão de trabalho e a dimensão social do trabalho.
Na verdade, o trabalho e a produção são uma parte fundamental e básica da atividade e da cultura humanas, mas o homem é algo mais que um homo faber, é uma pessoa capaz de atividades superiores e modos de ser mais altos (amor, conhecimento). Na vida, além de trabalho e seriedade, existe lazer e diversão. Sem eles, o trabalho não se entende: o trabalho é um