A filosofia face aos desafios da politica
Neste nosso debate vamos nos debruçar sobre um livro que já data de a três, quatro anos, e para isso penso ser muito sucinto.
Propus-me o tema de filosofia e política e depois coloquei dois pontos, no caso de Moçambique e, depois de ter dado o título fiquei com dificuldade na maneira como ia desenvolver este tema de uma forma coerente, de um lado a filosofia e diante da filosofia o conceito política, por uma razão muito simples: desde Sócrates até Hegel, quer dizer, desde os séculos IV e V a.c até IXX, nós sabiamos o que era a filosofia, mas ela foi mudando de perspectivas; a posição de Aristoteles não vai ser a mesma que a de Santo Agostinho; a posição de São Tomás não vai ser a mesma que a de Descartes, a filosofia do Iluminismo vai ser diferente da do Renascimento, mas sempre conseguimos ter uma definição unívoca e tivemos a mesma pretensão de fazermos uma filosofia que tivesse um estatuto de universalidade.
O que acontece é que aquilo que se chama de metanarrativas, metadiscursos, os discursos universalisantes que tinham caracterizado todo o pensamento filosófico, entram em crise e nasce o pensamento pós-moderno, que não aceita que um discurso universal possa se fazer e que possa ditar-se como condição de pensamento para todas as comunidades epistémicas, todas as comunidades humanas, todos os grupos sociais.
A partir dos anos 40, e 50, sobretudo depois dos trabalhos, de Jean François Lyotard, começou a pensar-se que ao invés de se fazer discursos universais e universalisantes, discursos que têm a pretensão de tocar toda a comunidade humana, era preciso começar a fazer discursos micronarrativos, discursos que têm a ver com as comunidades espalhadas pelo mundo fora. O que aconteceu é que acabaram as chamadas universalidades étnicas, quer dizer, discursos universais que tinham a pretensão de dizer verdades válidas para o conjunto dos homens. Então o filósofo deixou de ser um homem que pensa no