A falta de moradia
No Brasil, a exclusão social se apresenta das mais variadas maneiras. A população menos favorecida não consegue acesso à saúde, à educação, ao trabalho, à qualificação profissional, à vida digna. A questão da moradia é apenas mais um tormento na vida daqueles que não tiveram “a sorte” de nascer em uma família com o mínimo de estrutura financeira. Sem lar, sem teto, como podemos filosofar sobre cidadania? Como podemos defender direitos e garantias, expressos em nossa Carta Magna Cidadã, como foi chamada a Constituição Federal em sua promulgação, se grande parte dos brasileiros sequer possuem moradia? A falta de moradia faz da rua o lar de muita gente. Debaixo de marquises de concreto, de tapumes ou mesmo de pontes, famílias de moradores de rua improvisam seus "lares". Nestes locais, que chegam a abrigar até mais de uma dezena de pessoas, sobra lixo e falta comida. Em condição de miséria absoluta, sem dinheiro e sem destino, eles fazem parte de uma realidade nem sempre levada a sério pela sociedade e pelo Estado.
Surgem as favelas, cortiços e aglomerados habitacionais irregulares, que até pouco tempo atrás eram tratados com absoluta falta de humanidade, como por exemplo as favelas do Rio de Janeiro. Segundo Magalhães (2002 p.97).
As favelas cariocas, até pouco tempo, eram consideradas um fenômeno transitório, passíveis de remoção a qualquer momento. E, de fato, dos anos 40 até os 80, dezenas de favelas foram removidas e centenas de milhares de pessoas transferidas, quase sempre, para conjuntos residenciais, muitas vezes distantes de seus locais de origem. Neste processo, relações sociais preestabelecidas, como as de vizinhança, foram rompidas, assim como a possibilidade de uma melhor sobrevivência na cidade grande. Para as famílias mais carentes, a remoção também acarretou a perda do patrimônio. Segundo reportagem publicada no Jornal Folha de São Paulo, em 20 de janeiro de 2002, a falta de moradia atingia,