a falecida analise
DE NELSON RODRIGUES.
Marina STUCHI (PG UEL)1
RESUMO:Esta comunicação tem como objetivo destacar elementos do Drama
Moderno no texto dramático A falecida (1953) de Nelson Rodrigues, sendo este o primeiro de uma nova fase do dramaturgo, na qual ele escreve suas tragédias cariocas.
Toma-se como ponto de partida a teorização de Peter Szondi, que aponta a emersão do elemento épico como uma das principais características do que ele denomina como
Drama Moderno. Com essa peça, o dramaturgo não pretende obedecer a lei das três unidades, extraída de Aristóteles e amplamente utilizada pelo classicismo francês no século XVII. Esse tripé do Drama – ação, conflito, diálogo – durante muito tempo reverberou como verdade incontestável, sendo de extrema importância para a composição de uma peça. Com a crise do Drama, no fim do século XIX, esses pressupostos são contestados por muitos dramaturgos, denotando a contradição entre a forma do drama e os novos conteúdos, e pode ser observada na maneira de trabalhar as concepções de tempo, espaço e diálogo. Em A falecida a descontinuidade espaçotemporal pode ser apontada como um dos índices de modernidade desse texto.
PALAVRAS-CHAVE: A falecida. Nelson Rodrigues. Teatro moderno brasileiro.
Introdução
A partir de Szondi (2001) é possível conceituar e contextualizar o Drama
Moderno a partir da segunda metade do século XIX, em oposição a tradição do drama do século XVIII de forte cunho realista, cuja característica principal é a definição dos limites bem definidos da forma dramática. Para esse teórico, o Drama Moderno começa a se delinear a partir da crise da forma dramática ocasionada pela introdução de novas temáticas e pela tentativa de salvação dessa forma feita por alguns dramaturgos. Essa contradição entre a forma do drama e novos conteúdos irá resultar na crescente separação entre sujeito e objeto, o que possibilitará a emersão do elemento épico no drama. 1