A FABULA DOS PORCOS ASSADOS
A fábula dos porcos assados é rica em provocação de reflexões. A primeira delas é quanto à deficiência em algo imprescindível para se viver bem: a capacidade de interpretar o que se vê, ouve e lê. Foi por não saber interpretar corretamente que os homens daquela região onde ocorreu um incêndio no bosque entenderam que para comer porco assado e torresmo é necessário incendiar um bosque inteiro. E como interpretações erradas levam, inevitavelmente, a "soluções" (os problemas de hoje provêm das "soluções" de ontem), aqueles homens da fábula desenvolveram um verdadeiro disparate. Saber interpretar é tão importante que entre as ilustrações do meu blog a primeira é a seguinte frase de Ariston Santana Teles.
“Melhor vive quem melhor conhece; e melhor conhece quem melhor interpreta. Daí a necessidade de esforços cada vez maiores na iluminação do raciocínio.”
Outra reflexão provocada pela fábula é sobre o fascínio da maioria pela "arte" da complicação. No mundo corporativo tal fascínio toca as raias do absurdo e, em algum momento, merecerá uma postagem neste blog. Para o simples assamento de porcos foi montado um aparato técnico, científico e administrativo monumental que foi crescendo assustadoramente passando a envolver milhões de pessoas. Surgiram especialistas de todos os tipos possíveis e imagináveis. Os cargos foram surgindo sem parar: diretor disso e daquilo, além de centenas de cargos de chefia e sub-chefia. Cientistas foram trazidos do exterior. Poderíamos ficar dezenas de anos seguidos descrevendo o faraônico aparato instituído para coordenar, implementar, controlar e manter todo o gigantesco processo, diz a fábula. Toda essa complicação para o simples assamento de porcos!
Mas apesar da enorme soma de recursos investidos no funcionamento deste gigantesco aparato, no processo de assamento os animais ficavam, ou parcialmente crus, ou demasiadamente tostados, desagradando milhões de paladares cada vez mais