A Fabricação da Ciência
Capítulo 6
A Ciência e a Sociologia do Conhecimento
6.1) A sociologia e o ceticismo em relação à ciência Os méritos de uma teoria científica não dependem da classe, raça, sexo e outras características das pessoas ou grupos que a abraçam. Essa é uma idéia tradicional da objetividade científica, pois, se as influências provenientes dessas características dos indivíduos e grupos são chamadas de influências “sociais”, pode-se dizer que o desenvolvimento e a avaliação da ciência não estão sujeitos a uma explicação social. As leis científicas, segundo David Bloor, são protegidas e tornam-se estáveis não por razões internas da ciência, mas “devido à sua pressuposta utilidade para os propósitos de justificação, legitimação e persuasão social.” David Turnbull recorre aos estudos sociológicos para defender sua idéia de que não há nada distintivo no conhecimento científico, sustentando que ele está “sujeito aos mesmos determinantes e influências que as outras formas de conhecimento”. Uma negação a afirmações céticas exigirá uma cuidadosa ponderação dos sentidos em que se pode dizer que a ciência esteja sujeita a uma explicação social. Assim, muitas vezes, se recorre a uma distinção entre o que se pode chamar de aspectos “cognitivos” e “não-cognitivos” da ciência. Embora negando a competência de uma explicação social do conteúdo cognitivo da boa ciência, os opositores tradicionais da sociologia do conhecimento mostram-se prontos a considerar as causas sociais invocadas quando se tem de explicar a má ciência ou a ciência fora dos padrões. Os sociólogos tradicionais do conhecimento e seus contemporâneos mais radicais estão divididos na questão de estar ou não o conteúdo cognitivo de nossa melhor ciência sujeito a uma explicação social.
6.2) O retrato inadequado que os sociólogos fazem de seus opositores Os argumentos usados por sociólogos em defesa da necessidade de