A estrutura do discurso

A Estrutura do Discurso

A estrutura do discurso racional está determinada, em especial, pela regra do dever de prova, entre outras, quais sejam:
1ª Regra: está relacionada à noção de racionalidade que assegura ao ouvinte seu papel crítico e afirma que todo ato de falar pode ser posto em dúvida. Como esta crítica tende a ser limitada – sob pejna de paralisação do discurso ou inversão do ônus da prova – é estabelecido entre orador e ouvinte “diálogos parciais”, fixando-se assim ações linguísticas primárias, sob forma de presunções, pressupostos, etc.
2ª Regra: diz que uma ação linguística primária do orador (por exemplo, numa discussão jurídica, onde o ponto de partida de qualquer argumentação é a lei) não pode ser atacada pelo ouvinte, pois o orador pode defendê-la.
3ª Regra: afirma que o orador não pode mais modificar suas ações linguísticas primárias. Supomos que um discurso fundamentante tenha esta estrutura dialógica. A dialogicidade não pressupõe o princípio do terceiro excluído (toda proposição ou é verdadeira ou é falsa, não havendo intermediário entre a verdade e a falsidade) uma vez que afetaria a 1ª regra que diz que todo ato de falar pode ser posto em dúvida.
As regras do diálogo estabelecem relações específicas entre orador, ouvinte e mensagem. As mensagens, ou seja, aquilo que é dito, se acordo com a primeira regra aparecem como questões dubitativas. Dado o comportamento crítico do ouvinte, um dubium é, em princípio, um conjunto de possibilidades estruturadas em alternativas, altamente reflexivas. Assim, quem diz A numa estrutura dialógica, aceita ao menos a possibilidade de não-A. Diante disto, o discurso passa a ter funções peculiares. As funções pragmáticas do discurso não se referem ao efeito buscado no ato de falar, mas sim à relação entre orador e ouvinte. Do ponto de vista do orador, temos a função sintomática que pressupõe que todo discurso expressa sentimentos, posições, modos de entender do emissor para o receptor. É